quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A obra de Padre Manuel da Nóbrega

Padre Manuel da Nóbrega teve duas fases estilísticas: 

A primeira fase estilística de Manuel da Nóbrega: as Cartas.
Essas cartas-relatórios ostentam menor significação por serem isentas de carga imaginativa. Nas primeiras cartas, a mercê da obrigação e do intuito de informar com objetividade, o estilo é pobre e impessoal. Com o tempo, a linguagem dos seus textos veio a modificar-se e a adquirir contornos literários. A partir das cartas “Aos Moradores de S. Vicente” (1557) e “A Tomé de Sousa” (1559), a escrita de Manuel da Nóbrega ganha colorido antes desconhecido. As Cartas do Brasil foram destinadas a diferentes pessoas dentre elas: D. João III, a sacerdotes superiores da Companhia de Jesus, a seus mestres de Coimbra. As missivas (cartas) continham informações da terra e da gente do Brasil. As Cartas tem sua importância principalmente do ponto de vista histórico.

A segunda fase estilística: Diálogo sobre a Conversão do Gentio.
Os interlocutores do diálogo são Gonçalo de Álvares “uma espécie de curador de índios” a serviço da Companhia e o Irmão Mateus Nogueira, ferreiro da Companhia. O tema está proposto no título, a conversão do indígena à fé cristã, efetuada em três etapas (a catequese, o batismo e a perseverança). Mais liberto das obrigações de noticiar e de solicitar ajuda do reino, o jesuíta se põe a fazer a doutrina em torno da educação do gentio segundo o Cristianismo. Essa é considerada a melhor fase da carreira intelectual de Manuel da Nóbrega. A utilização do diálogo como recurso expositivo evidencia seu intuito literário. O Diálogo sobre a Conversão do Gentio constitui o primeiro documento literário em prosa escrito no Brasil.

As Cartas do Brasil, foram estampadas pela primeira vez em conjunto em 1886. O Diálogo sobre a Conversão do Gentio foi composto entre junho de 1556 e início de 1558 e impresso pela 1ª vez em 1880, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Rio de Janeiro. Ambas as obras foram depois publicadas pela Academia Brasileira de Letras em 1931, e em 1954, por ocasião do aniversário dos 400 anos da cidade de São Paulo. Sua opera omnia*  foi publicada também em Coimbra, em 1955, com introdução e notas de Serafim Leite.



*Opera omnia: essa locução latina traduzida literalmente significa “toda obra”. Utiliza-se essa expressão para falar da totalidade de obra de um determinado autor, filósofo, romancista ou musicista.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

MASSAUD, Moisés. Origens (1500-1601). In: MASSAUD, Moisés. História da literatura brasileira. 4 ed. São Paulo: Cultrix. 1997. p. 27-32.








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