A primeira fase estilística de Manuel da Nóbrega: as Cartas.
Essas cartas-relatórios ostentam menor significação por serem
isentas de carga imaginativa. Nas primeiras cartas, a mercê da obrigação e do
intuito de informar com objetividade, o estilo é pobre e impessoal. Com o
tempo, a linguagem dos seus textos veio a modificar-se e a adquirir contornos
literários. A partir das cartas “Aos Moradores de S. Vicente” (1557) e “A Tomé
de Sousa” (1559), a escrita de Manuel da Nóbrega ganha colorido antes
desconhecido. As Cartas do Brasil
foram destinadas a diferentes pessoas dentre elas: D. João III, a sacerdotes
superiores da Companhia de Jesus, a seus mestres de Coimbra. As missivas
(cartas) continham informações da terra e da gente do Brasil. As Cartas tem sua importância
principalmente do ponto de vista histórico.
A segunda fase
estilística: Diálogo sobre a Conversão
do Gentio.
Os interlocutores do diálogo são Gonçalo de Álvares “uma
espécie de curador de índios” a serviço da Companhia e o Irmão Mateus Nogueira,
ferreiro da Companhia. O tema está proposto no título, a conversão do indígena
à fé cristã, efetuada em três etapas (a catequese, o batismo e a perseverança).
Mais liberto das obrigações de noticiar e de solicitar ajuda do reino, o
jesuíta se põe a fazer a doutrina em torno da educação do gentio segundo o
Cristianismo. Essa é considerada a melhor fase da carreira intelectual de
Manuel da Nóbrega. A utilização do diálogo como recurso expositivo evidencia
seu intuito literário. O Diálogo sobre a
Conversão do Gentio constitui o primeiro documento literário em prosa
escrito no Brasil.
As Cartas do Brasil,
foram estampadas pela primeira vez em conjunto em 1886. O Diálogo sobre a Conversão do Gentio foi composto entre junho de
1556 e início de 1558 e impresso pela 1ª vez em 1880, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Rio de Janeiro.
Ambas as obras foram depois publicadas pela Academia Brasileira de Letras em
1931, e em 1954, por ocasião do aniversário dos 400 anos da cidade de São Paulo.
Sua opera omnia* foi
publicada também em Coimbra, em 1955, com introdução e notas de Serafim Leite.
*Opera omnia: essa locução latina traduzida literalmente significa
“toda obra”. Utiliza-se essa expressão para falar da totalidade de obra de um
determinado autor, filósofo, romancista ou musicista.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
MASSAUD, Moisés. Origens (1500-1601). In: MASSAUD, Moisés. História da literatura brasileira. 4 ed.
São Paulo: Cultrix. 1997. p. 27-32.
Nenhum comentário:
Postar um comentário