terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Período Colonial

Antes de falar sobre a vida e obra de Padre Manuel da Nóbrega é interessante mostrar e comentar um pouco sobre o contexto histórico em que ele viveu.

O problema das origens da literatura brasileira não pode formular-se em termos de Europa, onde foi a maturação de grandes nações modernas que condicionou toda a história cultural, mas a partir da afirmação de um complexo colonial de vida e de pensamento.

A Colônia é de início, o objeto de uma cultura, o “outro” em relação à metrópole, no caso do Brasil foi a matéria-prima a ser levada para o mercado externo. A Colônia só deixa de o ser quando passa a sujeito de sua história. Mas essa passagem fez-se por um lento processo de aculturação do português e do negro à terra e às raças nativas.

Nos primeiros séculos, os ciclos de ocupação e de exploração formaram ilhas sociais (Bahia, Pernambuco, Minas, Rio de Janeiro, São Paulo), essas deram à Colônia a fisionomia de um arquipélago cultural. De um lado houve a dispersão do país em subsistemas regionais, relevantes ainda hoje para a história literária. De outro, a sequência de influências da Europa, responsável pelo paralelo entre os momentos de além-atlântico e as esparsas manifestações literárias e artísticas do Brasil-Colônia.

Os códigos literários europeus mais mensagens ou conteúdos já coloniais conferem aos três primeiros séculos de nossa vida espiritual um caráter híbrido, parece aceitável chamá-lo luso-brasileiro como fez Antônio Soares Amora na História da Literatura Brasileira (1955).

Portugal perde autonomia política entre 1580 e 1640 e decai nos séculos XVII e XVIII, passa a categoria de nação periférica no contexto europeu. A literatura portuguesa entra a girar em torno de outras culturas, essa situação afeta as iniciantes letras coloniais, já no limiar do século XVII, refletem correntes de gosto recebidas “de segunda mão”.

O nativismo, pitoresco no século XVII, pode considerar-se o divisor de águas entre um gongórico português e o baiano Botelho de Oliveira. A busca de fontes ideológicas não portuguesas ou não ibéricas, já era uma ruptura consciente com o passado e um caminho para modos de assimilação mais dinâmicos, e propriamente brasileiros, da cultura europeia.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

BOSI, Alfredo. A condição colonial. In: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43 ed. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 11-13.



Chegada dos portugueses ao Brasil


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