Antes de falar sobre a vida e obra de Padre Manuel da Nóbrega é
interessante mostrar e comentar um pouco sobre o contexto histórico em que ele viveu.
O problema das origens da literatura brasileira não pode
formular-se em termos de Europa, onde foi a maturação de grandes nações
modernas que condicionou toda a história cultural, mas a partir da afirmação de
um complexo colonial de vida e de pensamento.
A Colônia é de início, o objeto de uma cultura, o “outro” em
relação à metrópole, no caso do Brasil foi a matéria-prima a ser levada para o
mercado externo. A Colônia só deixa de o ser quando passa a sujeito de sua
história. Mas essa passagem fez-se por um lento processo de aculturação do
português e do negro à terra e às raças nativas.
Nos primeiros séculos, os ciclos de ocupação e de exploração
formaram ilhas sociais (Bahia, Pernambuco, Minas, Rio de Janeiro, São Paulo),
essas deram à Colônia a fisionomia de um arquipélago cultural. De um lado houve
a dispersão do país em subsistemas regionais, relevantes ainda hoje para a
história literária. De outro, a sequência de influências da Europa, responsável
pelo paralelo entre os momentos de além-atlântico e as esparsas manifestações
literárias e artísticas do Brasil-Colônia.
Os códigos literários europeus mais mensagens ou conteúdos
já coloniais conferem aos três primeiros séculos de nossa vida espiritual um
caráter híbrido, parece aceitável chamá-lo luso-brasileiro como fez Antônio
Soares Amora na História da Literatura
Brasileira (1955).
Portugal perde autonomia política entre 1580 e 1640 e decai
nos séculos XVII e XVIII, passa a categoria de nação periférica no contexto
europeu. A literatura portuguesa entra a girar em torno de outras culturas,
essa situação afeta as iniciantes letras coloniais, já no limiar do século
XVII, refletem correntes de gosto recebidas “de segunda mão”.
O nativismo, pitoresco no século XVII, pode considerar-se o
divisor de águas entre um gongórico português e o baiano Botelho de Oliveira. A
busca de fontes ideológicas não portuguesas ou não ibéricas, já era uma ruptura
consciente com o passado e um caminho para modos de assimilação mais dinâmicos,
e propriamente brasileiros, da cultura europeia.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
BOSI, Alfredo. A condição colonial. In: BOSI, Alfredo.
História concisa da literatura brasileira. 43 ed. São Paulo: Cultrix, 2006. p.
11-13.
Chegada dos portugueses ao Brasil |
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